Tema: Violência
Importa desarmar, importa cuidar
De um lado, descaso da sociedade para com marginalizados e excluídos sociais, de outro, o poder de fogo dos que se importam com esses párias sem vez e sem voz: os traficantes. Dois fatores que se unem para formar uma devastadora realidade: a guerra urbana.
À medida que o Estado, a iniciativa privada e a sociedade em geral tornaram-se insensíveis às dores dos subúrbios e favelas, aos pedidos de socorros dos becos e morros dos grandes centros urbanos, os aliciadores do narcotráfico ganharam terreno. Tornaram-se “protetores”, “provedores” dos desamparados. A um custo muito alto, certamente, mas, onde a miséria e o desespero predominam, as pessoas se agarram ao que podem para sobreviver. Assim, a lógica capitalista com seu desinteresse pelos menos favorecidos gerou a cumplicidade com o crime organizado.
Após décadas de indiferença, jovens e adolescentes revoltados e recrutados aterrorizam-nos com armamento pesado e um ódio cruel mais pesado ainda. Tortura e homicídios com requintes de sadismo se tornaram parte do cotidiano das favelas. Os jornais estampam a barbárie de uma sede insaciável por sangue e poder. A ostentação de armamento pesado, sobretudo de uso restrito das forças armadas, mostra que, se a proteção à dignidade humana garantida na Constituição Federal não é promovida pelo Estado no que se refere às massas que vivem marginalizadas, “os filhos dessa mãe gentil lutarão com braço forte”. Os “bastardos” sociais estão no comando, e as suas granadas dão provas disso.
Urge desarmar as facções e as milícias, urge proteger e garantir dignidade aos desamparados sociais. Somente agindo nessas duas frentes a nossa própria dignidade será restaurada, e a paz tão pregada poderá ser uma perspectiva plausível.
(Welliton de Resende Zani Carvalho)


